“Macumbeiro de m…, finalmente te encontrei, você anda tirando minha paz. Vou fazer de tudo para tirar vocês do Aterro do Flamengo”. Foi essa a mensagem recebida pelo telefone do historiador e músico Alexandre Garnizé, de 49 anos, no último domingo (03).
O percussionista, que lidera o bloco Tambores de Olokun, fundado em 2012, procurou a polícia para denunciar a ameaça. O coletivo retomou recentemente seus ensaios no Aterro do Flamengo, cumprindo normas de distanciamento impostas pela pandemia.
O recifense Garnizé é candomblecista. Ele afirma já ter sido ameaçado outras vezes, e que sentiu bastante medo.
“Não é a primeira vez que isso acontece, mas dói, racismo dói e mata", afirmou ele.
Garnizé esteve na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) para fazer um boletim de ocorrência.
A mensagem foi enviada por SMS e, quando Garnizé tenta responder, ele torna a receber a mensagem. “Acho que quem enviou entende de tecnologia, porque não dá para ligar de volta, não dá para responder”, disse ele.
Apesar de ter chorado e ter ficado muito abalado com a mensagem, o percussionista diz que parar com os ensaios ou com o bloco é algo fora de questão.
“Não vão me parar. O Aterro é um espaço público, no coração do Rio de Janeiro, onde mora a classe média, burra e decadente. A ameaça assusta, mas o tambores para mim é muito mais que um bloco, é um encontro. Temos o maior cuidado com o espaço, a limpeza, a segurança, vão famílias, crianças, nós vamos continuar”, afirmou ele.
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